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Improvisos com Hilda Hilst na quarentena

Foto do escritor: Bárbara FrassonBárbara Frasson

“Do Amor Contente e Muito Descontente”


Tenho pedido a todos que descansem

De tudo o que cansa e mortifica:

O amor, a fome, o átomo, o câncer.

Tudo vem a tempo no seu tempo.

Tenho pedido às crianças mais sossego

Menos riso e muita compreensão para o brinquedo

O navio não é trem, o gato não é guizo.


Quero sentar-me e ler nesta noite calada.

A primeira vez que li Franz Kafka

Eu era uma menina. (A família chorava).

Quero sentar-me e ler mas o amigo me diz:

O mundo não comporta tanta gente infeliz.


Ah, como cansa querer ser marginal

Todos os dias.

Descansem anjos meus. Tudo vem a tempo

No seu tempo. Também é bom ser simples.

É bom ter nada. Dormir sem desejar,

Não ser poeta. Ser mãe. Se não puder ser pai.

Tenho pedido a todos que descansem

De tudo o que cansa e mortifica.

Mas o homem não cansa.

Quarentena, dia 0232948573424-2.

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